quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A torre e as torres


                                                                                                        Foto:Divulgação


Por Edmilson  Sanches


A Torre de Montes Altos está caindo... nas mãos da desonestidade política.
Essa constatação e esse receio poderia se confirmar -- ou se ampliar -- não fosse a ação imediata e intimorata (sem medo) de monte-altenses comprometidos com a causa e amigos defensores e colaboradores desse esforço de amor e orgulho pela terra municipal e patrimônio estadual.
Os problemas físicos, estruturais, de Engenharia, de que ainda padece a réplica da Torre de Pisa construída em Montes Altos pelo Frei Aristides Ariolli praticamente já estão equacionados para a solução definitiva: o governo estadual tomou ciência do assunto e de pronto entrou na história, prometendo e já tomando as primeiras providências para iniciar a recuperação do tão singular monumento.
E, para que o serviço fique completo, assumindo o governo maranhense a responsabilidade e custos pela recuperação da Torre, os recursos e esforços voluntários doados para a causa inicial da Torre serão revertidos em favor da recuperação da Igreja Matriz e da Casa Paroquial que constituem, na mesma área, o patrimônio católico e cívico do povo monte-altense.
Portanto, os maranhenses de Montes Altos têm agora duas lutas: a favor da Torre e contra a desonestidade política que queira apropriar-se dela, como, especificamente, o caso noticiado de mediações políticas para que o governo maranhense assumisse as obras. Em texto mais do que detalhado, com nomes, cargos, dias, horas, palavras e testemunhos, o pároco da Paróquia de Santana (da Igreja Católica de Montes Altos) e dois defensores e colaboradores pela causa, ambos evangélicos (não católicos) assinam e assumem a verdade dos fatos e a espontaneidade da iniciativa governamental na decisão de recuperação da Torre de Pisa monte-altense.
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Essa tem sido a desgraça da política: buscar méritos que não são seus e esquecer misérias que, comprovadamente, são de sua responsabilidade. Como descuidistas ou punguistas, políticos há que vão dando “carteiradas”... ou subtraindo carteiras dos outros. Basta um descuido, uma distração, e o punguismo político cai em campo e tenta agregar a si merecimentos de cujo DNA não participou, em sua cadeia essencial, com nenhum átomo.
Falando em DNA, falando em origens, começos, inícios, essências, vale fazer um recorte histórico com a Química da vida e dos homens: DNA tem a ver com a desoxirribose, que tem a ver com a ribose, que tem a ver com a pentose, que tem a ver com o açúcar simples (em cuja formação entram cinco átomos de carbono). E foi com açúcar que a história de Montes Altos começou, no final do século 19 (1898), quando o “Seu” Quirito, também conhecido por “Sabugosa”, plantou cana-de-açúcar e, a partir de uma pequena lavoura, montou engenho, a produção aumentou, casas de palha de fixaram... e a povoação se instalou.
Causas como a da Torre de Pisa de Montes Altos sempre correm o risco de verem surgir ao seu lado outras torres: a de marfim e a de Babel. A torre de marfim é aquela em que se encerram pessoas (inclusive políticos, senão sobretudo estes) que se isolam dos problemas e conflitos reais, concretos, neles se envolvendo apenas quando a oportunidade -- ou o oportunismo -- recomendam. É menos uma questão de consciência e mais de conveniência.
A torre de Babel é aquela onde pessoas (inclusive políticos, senão sobretudo estes) parecem falar línguas diferentes, causando estranheza ou confusão entre os que realmente trabalham em favor de uma coisa ou causa. O antídoto para isso é, do lado político, recomenda que os agentes devem buscar as comunidades, dialogarem com elas, anteciparem-se, adotarem uma atitude de escoteiro, sempre alerta aos primeiros sinais emitidos por aquelas comunidades.
Para evitar, anular ou reduzir costumeiros malefícios advindos das “torres” que tentam se erguer em volta da Torre de Montes Altos, os apoiadores, defensores, colaboradores da causa monte-altense, ao lado da torre que é réplica, devem levantar outras torres:
- torre de comando, para combater ações e “manobras” de “navios” inimigos e adversários disfarçados, dissimulados – ou, nos ecos do período de Carnaval, fantasiados de companheiros da causa;
- torre de controle, para orientar e tomar cuidado com os movimentos de decolagem (de recursos) e correta aterrissagem (na aplicação deles);
- torre de vigia, para permanecer “de olho”, sempre, indormidamente, como se fora sentinela, atalaia, guarda, segurança.
Sozinha e, por enquanto, fragilizada de alto a baixo em sua estrutura, a Torre de Montes Altos não poderá, apesar de sua altura e beleza, tomar conta de si mesma. Outras torres precisarão ser formadas e fortalecidas, com braços, pernas, olhos, amor e orgulho do povo monte-altense. Serão as pessoas, como pirâmides humanas, que se erguerão e edificarão fortalezas, que haverão de proteger as nobres intenções e as necessárias ações em favor de uma Torre de Pisa de Montes Altos firme.
E forte. Amém.

EDMILSON SANCHES
(esanches@jupiter.com.br)

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